segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Práticas Motoras da Criança Obesa na Educação Física Escolar.


A cultura em que o ser humano está inserido norteia as diversas maneiras de se relacionar com o próprio corpo e com a sociedade. Sendo assim, a corporeidade do indivíduo revela sua singularidade, mas também possui características que o definem como membro de determinado grupo. O corpo é constantemente (re)criado e a escola é uma ferramenta importante nessa construção. O desenvolvimento motor é o resultado de uma incessante alteração no comportamento ao longo da vida, executado através das necessidades biológicas e as condições do ambiente .
A motricidade é responsável por proporcionar uma constante maturação orgânica.
O início da escolarização formal constitui uma mudança importante no desenvolvimento físico da criança. A escola significa o começo do período em que esta deverá aprender todas as competências e papéis específicos que são parte de sua cultura.
Com a famosa e benéfica “escola para todos”, atualmente quase todas as crianças estão frequentando os bancos escolares, sobretudo no estado de São Paulo, recebendo uma a gama de conhecimento que contribui para seu desenvolvimento, inclusive motor. Dentre os vários saberes escolares está a educação física que através da prática de movimentos corporais é a principal responsável pelo desenvolvimento motor.
No universo dos educandos há uma variedade de padrões corporais, crianças que apresentam um padrão corporal diferente do considerado normal parecem estar de forma direta ou indireta, total ou parcialmente, excluídas da oportunidade da prática de movimentos corporais. A obesidade pode ser um motivo pelo qual a criança apresente um baixo desenvolvimento motor, visto que uma de suas características está relacionada a um déficit psicomotor provocado por transtornos no esquema corporal. A criança obesa parece ser acometida pela insegurança em relação aos outros.
Há indícios de que a criança obesa ao participar de vivências motoras apresenta uma atividade claramente mais baixa se comparada á outra criança com peso normal. Dessa forma, a prática pode representar um esforço muito maior para quem está acima do peso, reduzindo o prazer pela atividade física.
As aulas de educação física escolar se apresentam na forma de cinco eixos principais que serão norteadores de todos os conteúdos trabalhados pela disciplina, são eles: jogos, lutas, ginástica, esportes e dança. Nesse contexto, subjetivamente, parece haver uma busca pelo bom desempenho dos alunos no que diz respeito ás atividades motoras, visto que, se a criança não apresentar uma boa base de movimentos, seu desenvolvimento motor ficará comprometido.
No cotidiano escolar, sobretudo nas aulas de educação física, se percebe que há determinadas crianças com dificuldades de lidar com o próprio corpo, nesse grupo muitas apresentam excesso de peso. Embora a escola tenha por obrigação oferecer a todos os educandos possibilidades igualitárias de desenvolvimento, não é tarefa fácil oportunizar as mesmas vivências corporais, visto que alunos obesos tendem a apresentar uma limitação em seus movimentos.
Nas últimas décadas, observa-se um aumento considerável dos casos de obesidade infantil. Estudos realizados em algumas cidades brasileiras indicam que o sobrepeso e a obesidade juntos atingem aproximadamente 30% das crianças em idade escolar. A escola, nesse contexto, parece surgir como elemento fundamental na prevenção desta problemática, todavia será que esse espaço está realmente sendo aproveitado pelas crianças que mais necessitam?
A obesidade infantil é um assunto relativamente novo, não há muitos estudos científicos sobre esse tema, mas nós como professores de educação física temos o dever de atentar para a questão e não tratar os alunos obesos como aqueles que não gostam da aula de educação física, mas entender o motivo da repulsa e criar estratégias para mudar esse quadro, pois a escola é elemento fundamental no combate a epidemia da obesidade infantil, mas é necessário que tenhamos ações efetivamente práticas.

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