domingo, 1 de agosto de 2010

MITOS SOBRE OBESIDADE INFANTIL.

Atualmente não se pode negar que a obesidade entre crianças está presente em todas as camadas da sociedade, fato comprovado por alguns estudos nacionais e internacionais. Mas, vamos nos ater á nossa realidade, o Brasil é um dos países onde o número de crianças obesas cresceu assustadoramente nas últimas décadas, superando percentualmente até mesmo os E.U.A. Esse quadro leva a uma grande mobilização em torno do tema, que já se torna um problema de saúde pública. Dificilmente passamos um dia sem receber alguma informação sobre o excesso de peso das nossas crianças, dessa forma alguns mitos surgem a respeito dessa problemática.

O primeiro e talvez mais emblemático deles seja: criança gordinha é mais saudável, um mito antigo que não se sustenta mais nos dias atuais, o excesso de peso é prejudicial á nossa saúde em qualquer idade. Quando a obesidade surge na infância, a atenção tem que ser maior pois vários outros agravos podem ser facilitados pelo sobrepeso, como por exemplo: colesterol elevado, hipertensão arterial e diabetes tipo II, acarretando complicações de saúde já nas primeiras décadas de vida.
Outro mito bastante comum é: quando entrar na adolescência ele emagrece, um enorme erro, pois a criança acima do peso tem mais chances de se tornar um adolescente com sobrepeso e consequentemente um adulto obeso, não adianta ficar de braços cruzados esperando o estirão de crescimento resolva o problema.
Hereditário, o pai também era gordinho quando criança. A genética tem seu peso, porém, mais de 90% dos casos de obesidade são provocados por fatores exógenos (fora do organismo) ou seja, é o estilo de vida que vai prevalecer, se o pai era gordinho antigamente e o filho também é gordinho atualmente, talvez não seja culpa da genética e sim dos hábitos diários dessa família. O pensamento inverso também pode gerar outro mito: os pais são magros, então o filho nunca vai ser gordinho. Desmistificado pela conclusão acima, a genética é importante, mas em uma sociedade onde a alimentação hipercalórica, as facilidades tecnológicas e o sedentarismo estão fortemente presentes, o estilo de vida torna-se fundamental para o desenvolvimento da obesidade e suas complicações.
O problema está aí, presente em maior ou menor escala em quase todas as famílias brasileiras e é ela, a família, a grande chave para sua solução, não adianta tomar como desculpa qualquer um desses mitos e permitir que o problema se agrave. Para combater a obesidade infantil, o engajamento da família é essencial, uma criança não vai modificar sozinha seus hábitos diários, ela não tem autonomia para isso, nem a real consciência das conseqüências maléficas para sua saúde que o excesso de peso pode gerar. E se o problema é comportamental, uma mudança de comportamento se faz necessária para que o avanço da obesidade entre as crianças não continue.

OBESIDADE INFANTIL NO CONTEXTO ESCOLAR.


Com a famosa e benéfica “escola para todos”, atualmente quase todas as crianças estão frequentando os bancos escolares. Sendo assim, facilmente chegaremos á seguinte conclusão: se aproximadamente 40% das crianças brasileiras encontram-se acima do peso (pré-obesidade e obesidade), é claro que a escola contempla, em seu universo de alunos, também crianças em situação de sobrepeso e obesidade, ou seja, por volta de 40% dos alunos estão acima do peso ideal.
Mas como se desenvolvem as relações escolares? Como é o dia a dia de uma criança obesa dentro da escola? E sua convivência com os demais colegas, professores de classe e professores de educação física? Será que existe preconceito? Todos nós vivemos situações embaraçosas e constrangedoras, mas será que essas situações não são mais frequentes com as crianças em excesso de peso? E os apelidos, será que não fazem parte do universo escolar? Os alunos obesos não são vistos como um alvo para esses apelidos e brincadeiras?
Acredito que a resposta para quase todas as perguntas seja SIM. Mas deveria ser dessa forma? Agora a resposta é NÃO. Surge então uma nova pergunta: quem poderá transformar essa realidade? Sem dúvida nenhuma o professor.
Saber que existem diferenças entre as pessoas é fácil, trabalhar respeitando-as é o primeiro passo para amenizar essas situações. A escola está gradativamente se adequando na questão da inclusão, recebendo alunos com algum tipo de comprometimento e oferecendo-lhes o mesmo conteúdo dos demais, evidentemente que em alguns casos com adaptações, mas a idéia central é incluir esse aluno para que ele se desenvolva de uma maneira harmoniosa. Observa-se, principalmente nas aulas de educação física, que uma criança obesa em determinadas situações, se torna excluída, quer seja pelos colegas, quer seja pelo próprio professor (o que é inadmissível).
Não estou aqui dizendo que o obeso é portador de necessidades especiais, mas é certo que determinadas atividades físicas excluem essas crianças, que por conta do seu excesso de peso apresentam limitações em seus movimentos e até mesmo vergonha de participar das aulas, comportando-se de maneira isolada e repudiando situações que a exponham, mas a vontade dele certamente é de estar lá, participando junto com os demais. O professor diante dessa situação pode tomar dois caminhos opostos. O primeiro será aceitar essa recusa da criança, reforçando a idéias de que ele não gosta de participar das aulas de educação física. O segundo caminho a tomar, e mais correto na minha opinião, seria lançar mão de estratégias até mesmo modificando e adaptando regras para que todos participem, sem privilegiar a performance e sim valorizar o movimento, dando opções para que todos possam ter contato com uma variedade de possibilidades de se movimentar, usando os movimentos básicos fundamentais de locomoção, estabilizadores e manipulativos. Atividades lúdicas são fundamentais para que a motivação esteja presente. Dessa maneira os alunos terão a oportunidade de formar seu repertório motor, dentro das suas possibilidades, mas sobretudo, tendo mantido o direito de se movimentar, passando a fazer parte do grupo, mostrando para os demais e para ele próprio, que é capaz de executar as atividades e se relacionar positivamente com os colegas.
O professor de educação física é figura muito importante na formação geral do aluno, basta que o trabalho seja executado com responsabilidade.